Talvez seja bastante convencional escrever nessa época do ano para agradecer, ou mesmo para publicizar algo, na esperança de tornar nossas expectativas mais factíveis ou de convocar aqueles e aquelas que delas compartilham para que nossos propósitos se realizem… Mas é desse convencionalismo mesmo que devemos nos aproveitar para ponderar o ano que se encerra.
Em 2014, neste quase ano passado, O Istmo concretizou-se como projeto e, ao mesmo tempo, como portfólio de planos e articulações para o período que se segue. O nunca despretensioso blog visava a ser uma janela aberta para a América Central hodierna, com menos lugares comuns e mais realidade, ainda que crua e dura, como ela só.
A ideia de debater, de mesmo apresentar a Centroamérica para quem pretende (apenas) ver e entender, insere-se em um projeto decolonial; na perspectiva de que podemos construir saberes de dentro para fora e, é claro, de dentro para dentro. Ao mesmo tempo, reconhecemos, como lembra Derrida, que nos fazemos nós a partir do outro, e, por isso falar em istmo consiste em algo que é muito mais do que geográfico…é pensar nos mundos que se ligam a partir de um outro e reconhecer que este “algo do meio” une porque também separa.
Assim, seria injusto conosco pensar no projeto de nosotros(as) como um sítio de notícias… somos o que pretendemos ser: uma rede de pesquisadores e pesquisadoras que se encontram nas suas diferenças para pensar aquilo que pouco (ou não) se pensa. A tradução para o Português das contribuições dos(as) nosso(as) colunistas vem no propósito de quebrar mais uma barreira: o Brasil como Nuestra América.
A América Central é, sim, parte da nossa latinidade, do que não compreendemos e do que deveríamos entender enquanto seres coloniais, e a língua não pode justificar ou se agregar aos porquês do estranhamento.
Mas, como íamos dizendo, este período que quase não é mais foi de consolidação dessa grande oportunidade de ampliar o acesso ao conhecimento do continente-istmo e, ao mesmo tempo, de reconhecer-nos como rede, como plataforma…
Foi assim que lançamos oficialmente no último novembro, no encontro que antecede o ALAS/2015 (grande evento internacional promovido bianualmente pela Associação Latino-Americana de Sociologia), nosso “O Istmo” como tal (e bilíngue).
Além disso, O Istmo estreitou os laços entre o Núcleo de Estudos e Pesquisas Regionais e do Desenvolvimento (D&R), do qual faz parte desde sua origem, e o Núcleo sobre Epistemologias do Sul Global (Nesg), consolidando o projeto como uma iniciativa interdepartamental, que concatena a Ciência Política e a Sociologia no âmbito institucional.
É com esse fôlego que (já) entramos em 2015 com o propósito de sermos mais de nós mesmos e mesmas. Ampliar não apenas a equipe de execução e de colaboração, mas recrudescer a ideia e os projetos que surgem dela, entendendo que O Istmo não pertence à Universidade Federal de Pernambuco ou mesmo à academia, mas àqueles e àquelas que acreditam, que compartilham e que pretendem, de alguma forma, construir conhecimento…
Assim, nos despedimos de 2014 desejando ser cada vez mais Istmo para aquilo em que acreditamos. Um grande obrigada(o),
Aleksander Aguilar, Juliana Vitorino e Mariana Yante