Designada por uma espécie de destino geográfico, uma das especificidades da América Central no contexto latino-americano é justamente a de uma região de trânsito entre os dois oceanos, posição que marcou sua história sociopolítica no passado e lhe influencia no presente, dando-lhe peso geopolítico e características identitárias que a colocam em condições particulares para converter-se em um âmbito que merece análise especifico.
Em tempos pré-colombianos a região foi uma ponte entre culturas. Durante o período Colonial, porém, a administração peninsular lhe privilegiou a condição de istmo, ou seja, antes de vê-la como a ponte que une as massas continentais do Norte e do Sul da América, foi concebida como uma porção de terra que separava o oceano Pacífico do Atlântico.
E desde seu período republicano até atualmente, a região busca fazer comunicar através dela as águas mundiais, com a construção de canais transoceânicos (canal de Panamá, por exemplo, desde o início do século XX, e os megaprojetos em andamento hoje para a construção canal de Nicarágua, em parceria com empresas chinesas). Essa condição ístmica marcou-a geoestrategicamente em relação a interesses de potências globais.
Segundo o escritor salvadorenho Miguel Huezo-Mixco:
Centroamérica es un archipiélago imaginario,
un todo fracturado, desconocido, diverso, contradictorio,
arrojado entre dos mares, como ante dos espejos
~encanto y desencanto~, donde todo puede pasar
y todo está pasando.
¿Te interesa lo irregular, lo marginal, lo ninguneado,
donde convergen estupidez y miedo,
inteligencia y pasión,
asombro y estupor, que no es Norte ni es Sur,
que parece podrirse y, sin embargo, pervive?
Entonces te interesa esta región.
Com o entendimento de que as ciências sociais no Brasil ainda têm a enorme tarefa de conhecer e compreender o entorno geopolítico latino-americano, e em particular esse da América Central, nasce o projeto O Istmo, ligado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas Regionais e do Desenvolvimento (D&R), do programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Criado em 2013, inicialmente como o projeto de um grupo de estudos, transforma-se no projeto de uma publicação online, do Grupo de Estudos do D&R denominado Subalternos, Periféricos e Emergentes (GESPE), que se constitui numa plataforma inédita de visibilidade a temas centro-americanos no Brasil e ajuda a fortalecer a pesquisa teórica e empiricamente informada pela perspectiva regional, através da busca da formação de um corpo de conhecimento e análise de diversas disciplinas e procedências relacionados ao istmo.
Faz-se assim uma ação pioneira na universidade brasileira ao se instituir um espaço de informação, de opinião, de discussão e de reflexão específicas de temas regionais, que se espera possa contribuir para a comunicação e para o intercâmbio acadêmico-cientifico com organizações e instituições do Brasil e de outras partes do mundo com interesses semelhantes, principalmente as da própria região centro-americana. Dessa forma tem-se como finalidade estudar e aprofundar o conhecimento e a análise das estruturas e problemas sociopolíticos, dos povos, das expressões culturais, das identidades, da inserção internacional e do desenvolvimento das sociedades que conformam o espaço humano e político da América Central.
Coordenação:
Aleksander Aguilar (antular@hotmail.com) – Graduado em Comunicação Social pela Universidade Católica de Pelotas, Licenciado em Letras pela Universidade Federal de Pelotas, Mestre em Estudos Internacionais pela Universitat de Barcelona, Doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco.
Juliana Vitorino (ju.vitorino@gmail.com) – Graduada em Relações Internacionais pela Faculdade Integrada do Recife, Mestra em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco, Doutoranda em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco.
E-mail e Redes Sociais
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E-mail: geac.ufpe@gmail.com
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O ISTMO é uma plataforma sobre a América Central, ligada ao Grupo de Estudos Subalternos, Periféricos e Emergentes, do Núcleo D&R/UFPE
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